PONTOS IMPORTANTES
-
Ependimoma é um tumor maligno originado do revestimento ependimário do canal ependimário central da medula espinhal
- Massa intramedular hemorrágica circunscrita com realce, com edema adjacente
- Maioria é intramedular, mas raramente pode ser intradural extramedular.
- Segmento cervical > torácico > cone medular
- Comum ⇨ tumor primário da medula espinhal + comum em adultos e 2º + comum em crianças
- Idade ⇨ 35 a 45 anos (idade média na apresentação: 39 anos)
Obs: devido a suas diferentes características, o ependimoma mixopapilar e o ependimoma supratentorial estão abordados em outros artigos.
IMAGEM
Localização
- Segmento cervical > torácico > cone medular
- A maioria é intramedular, mas raramente pode ser intradural extramedular. Características dos casos extramedulares:
- Origem: células ependimárias ectópicas
- Ligação microvascular à pia-máter
- Sem infiltração ou ligação à dura-máter
- Tumor encapsulado na coluna torácica
Tamanho
Tipicamente extensão longitudinal equivalente a 3 a 4 vértebras
Aspecto de Imagem
- Massa intramedular hemorrágica circunscrita com realce, com edema adjacente
- Iso ou ↓T1, ↑T2 (em relação à medula espinhal), geralmente com realce
- Cistos polares ou intratumorais e/ou associação com siringomielia são comuns (50 a 90%)
- Hemorragia periférica (hipossinal focal em T1, T2 e T2*) é comum e sugere ependimoma ⇨ sinal do “cap” (sinal do gorro) consiste em hemosiderina na margem cranial ou caudal da lesão
- 20 a 64% dos casos cursa com sangramento / hemossiderina
- Pode ter componente exofítico
CONCEITOS GERAIS
Epidemiologia
- Tumor primário mais comum na medula espinhal em ADULTOS ⇨ 4% de todos os tumores primários do sistema nervoso central em adultos
- 2º tumor primário mais comum na medula espinhal em CRIANÇAS
- 30% dos ependimomas são espinhais
- 60% dos tumores primários da medula espinhal
- Sexo:
- Tipo intramedular ⇨ predominância masculina
- Intradural extramedular ⇨ predileção feminina
- Idade ⇨ 35 a 45 anos (idade média na apresentação: 39 anos)
Clinica
- Dor no pescoço ou nas costa é a apresentação clínica mais comum
- Outros sintomas: paraparesia progressiva e parestesia
Patologia
- É um tipo de glioma da medula espinhal, assim como o astrocitoma, ganglioglioma e oligodendrogliomas
- Tumor maligno originado do revestimento ependimário do canal ependimário central da medula espinhal
- 4 subtipos ⇨ celular, mixopapilar, células claras, tanicítico
- Celular ⇨ subtipo mais comum de tumor intramedular
- Tanicítico ⇨ precursores de astrócitos e células ependimárias
- Mixopapilar ⇨ subtitpo com maior associação com hemorragia; 10 a 40% cursa com múltiplos tumores.
- Obs: devido a suas diferentes características, o ependimoma mixopapilar está abordado em outro artigo.
- Ependimoma anaplásico é o tipo de alto grau / maligno do ependimoma e é raro, representando cerca de 3% dos ependimomas da medula espinhal.
Associações
- Neurofibromatose tipo 2 (NF2) ⇨ Schwannomas e meningiomas
- Hemorragia subaracnoidea (HSA) ⇨ especialmente para o subtipo papilar do ependimoma
- Siderose superficial
Tratamento
- Ressecção cirúrgica
- Ressecção total em > 85% dos casos
- Muito baixo risco de recorrência local e intracraniana
- Ependimomas de grau 2 podem ser observados cuidadosamente após a imagem confirmar ressecção completa pós-cirúrgica
- Tumores de grau 3 requerem tratamento adjuvante com radioterapia
- Radioterapia para ressecção subtotal ou doença recorrente
- Doses típicas de radioterapia variam de 4.000 a 5.400 cGy
- Sem relação dose-resposta
- Quimioterapia para cirurgia malsucedida e radioterapia
- Benefício não comprovado
- A maioria das séries relata taxas de sobrevivência em 5 e 10 anos de 50-100% após a combinação de cirurgia e radioterapia pós-operatória
Prognóstico
- Quanto menos déficit neurológico pré-operatório na apresentação, melhor resultado pós-operatório
- Tumores no segmento torácico têm pior resultado cirúrgico
- Metástases raras ⇨ pulmão, pele, rim, linfonodos
- Sobrevivência em 5 anos ⇨ 85%
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Astrocitoma
- Pode ser indistinguível de um ependimoma
- Geralmente, acometimento mais longo e pode abranger toda a medula espinhal (holocord)
- Comumente mais excêntrico, infiltrativo e com margens indistintas
- Hemorragia é incomum
- Cistos tumorais e siringomielia são menos comuns
- Tumor primário mais comum na medula espinhal em crianças
- Hemangioblastoma
- Cisto com nódulo altamente vascularizado que realça
- Áreas de ausência de sinal (flow voids) devido ao fluxo sanguíneo rápido, frequentemente proeminentes
- Edema extenso ao redor do tumor em relação ao seu tamanho
- Mais comum no segmento torácico, menos comum no cervical
- Mais comum em pacientes mais velhos
- Um terço dos casos está associado à doença de Von Hippel-Lindau
- Doenças Desmielinizantes (Esclerose múltipla , Encefalomielite aguda disseminada)
- Lesões geralmente mais periféricas e posterolaterais
- Mal definidas
- Normalmente menor que “2 vértebras” de comprimento
- Realce nodular ou irregular / pontilhado sutil
- Frequentemente multifocal
- 90% têm lesões cerebrais simultâneas
- Infarto na Medula Espinhal
- Início súbito de sintomas
- Colunas posteriores normalmente poupadas no infarto anterior da medula espinhal
- Mielite Transversa Idiopática
- Expansão da medula espinhal menos pronunciada do que no ependimoma
- Localização central, com cerca de 3-4 segmentos vertebrais de comprimento
- Realce variável
- Mais comum na região torácica
- Diagnóstico por exclusão
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