CRÂNIO
Como calcular: ângulo formado entre 2 linhas da base do crânio em perfil:
- linha que vai do násion até o tubérculo da sela túrcica
- linha que vai do tubérculo da sela túrcica até o básion
Normal: ≤ 140º
Anormal: > 140º (ou 143º). Indica a presença de platibasia.
TRANSIÇÃO CRANIOCERVICAL
Exame: radiografia da coluna cervical em perfil ou corte medio-sagital de TC ou RM da coluna cervical
Como calcular: linha que define o plano do forame magno, ou seja, de sua margem anterior (básion) até sua margem posterior (opisthion)
Normal: ponta do processo odontoide abaixo desta linha.
Anormal: ponta do processo odontoide acima desta linha. Indica invaginação basilar.
Exame: radiografia da coluna cervical em perfil ou corte medio-sagital de TC ou RM da coluna cervical
Como calcular: linha que da margem posterior do forame magno (opisthion) até a margem posterior do palato duro
Normal: ponta do processo odontoide ultrapassando a linha em ≤ 3 mm
Anormal: ponta do processo odontoide ultrapassando a linha em > 3 mm. Indica invaginação basilar.
Exame: radiografia da coluna cervical em perfil ou corte medio-sagital de TC ou RM da coluna cervical
Como calcular: linha que da borda mais caudal do osso occipital até a margem posterior do palato duro. Trata-se de uma modificação da linha de Chamberlain para quando o opisthion não é bem visualizado. É considerada a melhor para a avaliação de invaginação basilar, pois os parâmetros anatômicos estão presentes em todas as faixas etárias.
Normal: ponta do processo odontoide ultrapassando a linha em ≤ 4,5 mm
Anormal: ponta do processo odontoide ultrapassando a linha em > 4,5 mm. Indica invaginação basilar.
Exame: radiografia da coluna cervical em perfil ou corte medio-sagital de TC ou RM da coluna cervical
Como calcular: distância entre a margem anterior do processo odontoide e a margem posterior posterior do arco anterior do atlas (C1)
Normal: ≤ 3 mm em adultos e ≤ 5 mm em crianças
Anormal: se aumentado, indica instabilidade atlantoaxial, relacionada a causas como Síndrome de Down, trauma ou artrite reumatoide
Exame: radiografia da coluna cervical em perfil ou corte medio-sagital de TC ou RM da coluna cervical
Como calcular: distância entre a margem posterior do processo odontoide e a margem anterior do arco posterior do atlas (C1)
Normal: ≥ 14 mm no plano de C1 (e ≥ 12 mm abaixo de C2)
Anormal: se reduzida, indica compressão medular, sobretudo em casos de instabilidade atlantoaxial ou pseudoartrose do processo odontoide
COLUNA VERTEBRAL
Exame: radiografia FRONTAL da coluna em ortostase
Como calcular: ângulo formado entre 2 linhas:
- linha paralela ao platô superior da vértebra com maior curvatura da extremidade superior da curvatura escoliótica
- linha paralela ao platô inferior da vértebra com maior curvatura da extremidade inferior da curvatura escoliótica
Normal: < 10º
Anormal: > 10º . Indica a presença de escoliose.
Quando há mais do que uma curvatura (escoliose em “S” ou “duplo S”), a curvatura primária é a que tem o maior ângulo de Cobb. Já a secundária tem ângulo de Cobb menor e é considerada compensatória (pode haver mais do que uma curvatura secundária).
Para avaliar se as curvaturas são estruturadas ou não estruturadas, deve-se realizar radiografias AP dinâmicas da coluna, com inclinação lateral para a esquerda e para a direita. Quando uma curvatura tem ângulo de Cobb > 25º durante a inclinação lateral para o lado oposto ao de sua convexidade, é chamada de estruturada, e tem maior chance de progressão. Caso o ângulo de Cobb seja < 25º durante essa inclinação, é considerada não-estruturada, com menor chance de progressão.
Exame: radiografia em PERFIL da coluna em ortostase
Como calcular: ângulo formado entre duas linhas paralelas aos platôs inferiores de C2 e de C7
Valores de referência:
- Normal: 20º a 35º
- < 20º: retificação da lordose fisiológica da coluna cervical
- > 35º: acentuação da lordose cervical (hiperlordose cervical)
Exame: radiografia em PERFIL da coluna em ortostase
Como calcular: ângulo formado entre as linhas paralelas aos platôs superior de T4 e inferior de T12
Valores de referência:
- Normal: 20º a 45º (ou 30º a 50º)
- < 20º (ou 30º): retificação da curvatura fisiológica da coluna torácica (dorso plano)
- > 45º (ou 50º): acentuação da cifose torácica (hipercifose torácica)
Exame: radiografia em PERFIL da coluna em ortostase
Como calcular: pode ser avaliado de 2 formas diferentes:
- Ângulo formado entre linhas paralelas aos platôs superior de L1 e inferior de L5.
- Ângulo formado entre linhas paralelas aos platôs superiores de L1 e de S1.
Obs.: há outras metodologias para medir na literatura, usando outras vértebras e platôs (diferentes combinações entre T12, L1, L4, L5 e S1). As duas formas mencionadas acima são as mais frequentes em estudos científicos. Particularmente a que usa os platôs superior de L1 e inferior de L5 parece ser a mais indicada, pois não sofre influência da inclinação sacral (sacral slope).
Valores de referência:
Os valores de referência para normalidade variam muito na literatura, dentre eles: 30º a 80º, 35º a 60º e 30º a 52º. Como cada trabalho científico que validou os valores de referência foi feito usando uma metodologia diferente, fica ainda mais difícil definir qual seria o intervalo de “normalidade” mais indicado para utilizar. Além disso, há pequenas variações nos valores de referência entre homens e mulheres.
- Normal: 30º a 80º
- < 30º: retificação da lordose lombar
- > 80º: acentuação da lordose lombar (hiperlordose lombar)
Exame: radiografia em PERFIL da coluna em ortostase
Como calcular: ângulo formado entre 2 linhas:
- Linha tangenciando o platô superior do corpo vertebral de S1
- Plano horizontal (plano do exame)
Normal: 35º a 45º
Anormal: se maior que 45º, sugere hiperlordose lombar. Entretanto, é necessário destacar que boa parte dos casos de hiperlordose sacral tem ângulo de inclinação sacral normal (ver imagem abaixo).
Exame: radiografia frontal da coluna em ortostase
Como calcular: linha vertical através do centro do sacro (através de seus processos espinhosos) e perpendicular a uma linha que conecta as margens superiores das cristas ilíacas
Normal: linha passar pelo centro de cada vértebra da coluna
Serve para definir o eixo mecânico sagital da coluna vertebral. Na escoliose, as vértebras estáveis são as divididas ao meio (ou quase ao meio) pela linha sacral central. Somente a título de curiosidade, na escoliose, vértebras neutras são aquelas sem desvio rotacional, ou seja, com distâncias iguais entre seus pedículos e processo espinhoso na radiografia frontal.
OMBRO
Normal: ≥ 1 cm
Alterado: ≤ 6 mm ou diferença > 3 mm entre o lado esquerdo e o direito.
O espaço subacromial pode estar reduzido em casos de rotura crônica do tendão do supraespinhal, ou em diversas condições que podem causar impacto subacromial:
- Artrose acromioclavicular com osteófitos inferiores ≥ 2 mm
- Os acromiale
- Acrômio tipo 3 (“ganchoso”)
- Acentuação da inclinação lateral do acrômio
COTOVELO
Normal: ≤ 55º
Calculado como auxílio na investigação de fraturas supracondilianas do úmero distal em pacientes da faixa etária pediátrica, com fises abertas, sobretudo quando sutis.
Exame: radiografia do cotovelo em AP, com o cotovelo em extensão
Como calcular: ângulo formado entre as linhas:
- linha perpendicular ao eixo longo do úmero
- linha da fise do capítulo
Normal: 8º a 20º
Interpretação: o valor absoluto não tem tanta importância. A assimetria de medidas entre ambos os cotovelos deve ser valorizada, podendo indicar fraturas supracondilianas do úmero distal. Uma diferença maior do que 5º pode ser considerada significativa. Entretanto, deformidades em varo e com rotação interna do cotovelo podem condicionar diferenças entre os cotovelos.
PUNHO / MÃO
Ângulo capitato-semilunar
Exame: radiografia do punho em perfil
Como calcular: ângulo formado entre os eixos do capitato e do semilunar:
- Eixo do capitato: linha longitudinal através do centro do eixo longo do capitato
- Eixo do semilunar: bissetriz do semilunar na radiografia em perfil
Normal: ≤ 30º
Anormal: > 30º. Indica instabilidade do carpo (DISI ou VISI, dependendo do ângulo escafo-semilunar)
Ângulo escafo-semilunar
Exame: radiografia do punho em perfil
Como calcular: ângulo formado entre os eixos do escafoide e do semilunar:
- Eixo do escafoide: eixo longo do escafoide, obtida traçando-se uma linha tangenciando os contornos proximais de sua superfície articular proximal e de seu tubérculo distal
- Eixo do semilunar: bissetriz do semilunar na radiografia em perfil
Normal: 30º a 60º
Indeterminado: 60 a 80º
Anormal:
- > 80º. Indica instabilidade do tipo DISI
- < 30º. Indica instabilidade do tipo VISI
Exame: radiografia do punho em AP
Como calcular: distância entre o escafoide e o semilunar
Normal: < 2 mm em adultos
Indeterminado: 2 – 3 mm
Anormal: > 3 mm. Indica dissociação escafo-semilunar
Em crianças, esse espaço é habitualmente maior, uma vez que não há ossificação completa dos ossos do carpo. Os valores de referência são diferentes:
- 6 anos: normal de 7 – 9 mm (alterado: > 12 mm)
- 7 anos: normal de 6 – 8 mm (alterado: > 11 mm)
- 8 anos: normal de 5,5 – 7,5 mm (alterado: > 10,5 mm)
- 9 anos: normal de 5 – 6,5 mm (alterado: > 9,5 mm)
- 10 anos: normal de 4,5 – 6 mm (alterado: > 9 mm)
- 11 anos: normal de 4 – 5 mm (alterado: > 8 mm)
- 12 anos: normal de 3,5 – 4,5 mm (alterado: > 7,5 mm)
As variantes ulnar negativa ou positiva alteram a distribuição de carga para o rádio e para a ulna, estando associadas a lesões e alterações degenerativas precoces. É importante destacar que a variância ulnar não tem relação com o comprimento do processo estiloide da ulna.
Exame: radiografia do punho em PA
Como calcular: distância entre duas linhas:
- Linha tangente à superfície articular da ulna distal, perpendicular ao eixo longo do rádio
- Linha tangente à superfície articular da fossa semilunar do rádio distal, perpendicular ao eixo longo do rádio
Normal: 0 mm
Variância ulnar positiva: > 0 mm, ou seja, a extremidade distal da ulna é mais longa do que a margem distal do rádio distal. Associação com impacto ulnocarpal.
Variância ulnar negativa: < 0 mm, ou seja, a extremidade distal da ulna é mais curta em relação à margem distal do rádio. Associação com doença de Kienbock e impacto radioulnar distal.
Observação: a variação ulnar varia de acordo com a posição do punho, sendo fisiologicamente positiva durante a pronação e preensão forçada da mão e negativa em supinação. Essa variação fisiológica deve ser considerada na avaliação de estudos de RM, em que o punho é habitualmente avaliado em pronação (posição de “super-homem”), ou seja, pode haver um falso diagnóstico de variância ulnar positiva à RM.
Exame: radiografia frontal do punho
Como calcular: ângulo formado entre duas linhas:
- Linha perpendicular ao eixo longitudinal do rádio
- Linha que conecta as margens (medial e lateral) da superfície articular do rádio distal
Normal: 21° a 25 °
Alterado: < 21°. Associação com aumento da carga através do semilunar.
Medida utilizada na avaliação e descrição de fraturas do rádio distal.
Exame: radiografia do punho em PA
Como calcular: distância entre as duas linhas:
- Linha perpendicular ao eixo longitudinal do rádio, tangenciando a extremidade distal do processo estiloide do rádio
- Linha perpendicular ao eixo longitudinal do rádio, tangenciando a superfície articular da ulna distal
Normal: 10 a 13 mm
Medida utilizada na avaliação e descrição de fraturas do rádio distal.
Exame: radiografia do punho em perfil
Como calcular: ângulo entre as duas linhas:
- Linha ao longo da superfície articular do rádio distal
- Linha perpendicular ao eixo longitudinal do rádio
Normal: 2° a 20° (em média 11°)
BACIA / QUADRIL
Exame: radiografia da bacia em AP
Linha Vertical de Perkin: linha de referência que corre verticalmente através do aspecto lateral do acetábulo ósseo.
Linha de Hilgenreiner: linha de referência horizontal que passa através das porções mais superiores das cartilagens trirradiadas.
Linha de Shenton: arco formado pela porção superior do forame obturador e pelo aspecto interno do colo femoral. Este arco pode estar interrompido em subluxação do quadril. Em crianças menores que 1 ano, o arco pode estar alterado devido à ossificação incompleta da bacia e do fêmur.
Índice Acetabular: ângulo formado pela intersecção das linhas do teto do acetábulo e de Higenreiner. O valor normal em crianças maiores que 4 meses é de 25° a 35°.
Indicação: avaliação de impacto femoroacetabular do tipo CAM. O ângulo alfa (α) é um parâmetro utilizado para quantificar o grau de deformidade femoral devido a perda da esfericidade na transição cabeça – colo femoral.
Exame: idealmente, utilizar plano axial oblíquo do quadril (no plano do colo femoral) de exames de TC ou RM; radiografia do quadril em incidência de Dunn 45º (preferível) ou cross-table lateral, ou pode ser utilizada para avaliação inicial para avaliação de perda de esfericidade na região anterossuperior da transição entre a cabeça e colo femoral. Radiografias biplanares (AP e perfil) não excluem alterações e tendem a subestimar o grau de deformidade.
Como calcular: primeiro traçar um círculo sobre a cabeça femoral. Em seguida, traçar um ângulo formado entre o eixo central do colo femoral, e outra linha que conecta o centro do círculo da cabeça femoral e o ponto em que o círculo deixa apresentar intersecção com a cabeça femoral.
Normal: ≤ 55º
Anormal: > 55º (alguns autores recomendam utilizar o valor de corte de 60º, para aumentar a especificidade da avaliação)
Indicação: avaliação de impacto femoro-acetabular do tipo CAM. É menos utilizado do que o ângulo alfa.
Como calcular: traçar duas linhas paralelas ao eixo do colo femoral através do (i) ponto mais anterior da cabeça femoral e (ii) do ponto mais anterior do colo femoral. O offset é a menor distância entre essas linhas.
Normal: > 8 mm
Anormal: <8 mm
Adicionalmente, pode-se calcular a razão do offset femoral quando a perda de esfericidade é na região anterior (3h) da transição cabeça-colo femoral. A razão do offset femoral é obtida através da divisão do offset femoral pelo diâmetro da cabeça femoral. A razão do offset femoral é considerada anormal quando < 0,15.
Exame: radiografia em AP da bacia ou do quadril.
Como medir: ângulo formado pelas linhas:
- Linha vertical que atravessa o centro da cabeça femoral
- Linha que conecta o centro da cabeça femoral à borda lateral da área de carga do acetábulo (sourcil). A área de carga do acetábulo (sourcil) corresponde à área esclerótica no teto acetabular com morfologia arciforme: medialmente, termina no teto da fossa acetabular; e lateralmente, termina na porção mais lateral dessa linha esclerótica (e não na margem lateral do acetábulo, a qual pode coincidir com o limite da área de carga do acetábulo, ou se localizar lateralmente a ela).
Se for utilizado a borda lateral do acetábulo ao invés da borda lateral do sourcil, a medida obtida não será o ângulo centro-borda de Wiberg ou de Ogata (W-CEA), mas sim o ângulo centro-borda lateral (L-CEA).
Normal: 25º – 39º em adultos, e 20º a 39º em crianças (< 17 anos)
Anormal:
- < 20º em adultos e < 15º em crianças (<17 anos): indica displasia acetabular
- 20º a 25º em adultos, e 15º a 20º em crianças (<17 anos): limítrofe (borderline)
- ≥39º: excesso de cobertura acetabular (39º a 44º: coxa profunda; >44º: protrusão acetabular); associação com impacto femoroacetabular do tipo pincer
Indicação: avaliar a cobertura acetabular anterossuperior (pesquisa de displasia e excesso de cobertura acetabular anterossuperior).
Exame: radiografia do quadril em falso perfil de Lequesne (só pode ser medida nessa incidência)
Como medir: ângulo formado pelas linhas:
- Linha que conecta o centro da cabeça femoral à borda anterior do acetábulo
- Linha vertical que atravessa o centro da cabeça femoral, paralela ao eixo longitudinal do corpo
Normal: 25º a 39º
Limítrofe: 20º a 25º
Displasia acetabular anterossuperior: <20º.
Excesso de cobertura acetabular: ≥ 39º (39º a 44º: coxa profunda; >44º: protrusão acetabular)
Exame: radiografia em AP da bacia ou do quadril.
Como medir: ângulo formado pelas linhas:
- Linha horizontal que tangencia a borda inferior da lágrima (teardrop)
- Linha oblíqua que conecta as bordas medial e lateral da área de carga do acetábulo (sourcil). A área de carga do acetábulo (sourcil) corresponde à área esclerótica no teto acetabular com morfologia arciforme: medialmente, termina no teto da fossa acetabular; e lateralmente, termina na porção mais lateral dessa linha esclerótica (e não na margem lateral do acetábulo, a qual pode coincidir com o limite da área de carga do acetábulo, ou se localizar lateralmente a ela).
Normal: 0º a 10º
Anormal:
- > 10 – 12º: indica displasia acetabular
- < 0º: indica excesso de cobertura acetabular, associado a impacto femoroacetabular do tipo pincer
O acetábulo normal é antevertido.
Exame: radiografia da bacia AP, TC e RM.
A avaliação por radiografia deve ser realizada em incidência AP da bacia (e não do quadril), em tilt pélvico neutro (distância do contorno superior da sínfise púbica até e ponta do cóccix entre 3 e 5 cm), e sem rotação lateral (a ponta do cóccix deve estar na mesma linha da sínfise púbica).
Medindo a versão acetabular pela TC ou RM: reformatar as imagens (MPR) para corrigir eventuais angulações da aquisição, e obter no corte mais cranial em que se observa a cabeça femoral (ou um dos mais craniais em que seja possível medir), o ângulo formado pelas linhas:
- linha correspondente ao plano sagital verdadeiro (corrigir eventual rotação da bacia, usando pontos de referência anatômicos bilaterais)
- linha tangenciando as margens anterior e posterior do acetábulo
Normal: 15º a 20º de anteversão
Alterado: < 0º (indica retroversão).
Equivale no adulto ao índice acetabular obtido na faixa etária pediátrica
Exame: radiografia da bacia ou do quadril em AP
Como medir: ângulo formado pelas linhas:
- linha horizontal que tangencia as bordas inferiores das “lágrimas” bilateralmente
- linha oblíqua que conecta a borda inferior da “lágrima” até a borda superolateral do acetábulo.
Normal: < 38º
Alterado: ≥ 38º. Indica displasia acetabular
Exame: radiografia da bacia em perfil
Como calcular: ângulo formado entre (1) uma linha vertical através do centro das cabeças femorais e (2) outra linha conectando o centro das cabeças femorais e o ponto médio (centro) do platô superior do corpo vertebral de S1
Normal: 13 ± 6 graus
Exame: radiografia da bacia em perfil
Como calcular: ângulo formado entre (1) uma linha horizontal através do ponto médio (centro) do platô superior do corpo vertebral de S1 e (2) outra linha paralela ao platô superior do corpo vertebral de S1
Normal: 41 ± 8 graus
Trata-se da “espessura da bacia”, sendo uma característica constitucional anatômica de cada indivíduo
Exame: radiografia da bacia em perfil
Como calcular: corresponde à soma dos ângulos da versão pélvica + inclinação sacral
Normal: 55 ± 10 graus
Exame: radiografia da bacia ou do quadril em AP
Como calcular: ângulo formado pela intersecção entre as linhas:
- Linha através do centro do colo femoral
- Linha através do eixo longo da diáfise femoral
Normal: 120° a 135°
Coxa vara: <120°
Coxa valga: >135°
JOELHO
Exame: radiografia do joelho, TC ou RM em perfil, idealmente com joelho semifletido em 30˚
Introdução:
Os principais métodos são o de Caton-Deschamps e o de Insall-Salvatti, contudo há outros como o Insall-Salvatti modificado e o índice de Blackburn-Peel. Em algumas situações, pode ser preferível utilizar determinado método em detrimento de outros:
- Anormalidades no pólo inferior da patela (p.e.: hipertrofia, sequela de fratura, alteração pós-cirúrgica ou doença de Sinding Larsen Johansson): o índice de Insall-Salvatti pode gerar falsas conclusões, sendo preferíveis os métodos de Caton-Deschamps ou de Insall-Salvatti modificado.
- Anormalidades na tuberosidade anterior da tíbia (p.e.: Osgood-Schlatter): os índices de Insall-Salvatti e Insall-Salvatti modificado podem gerar falsas conclusões, sendo preferíveis o Caton-Deschamps ou o Blackburn-Peel.
Em qualquer um dos métodos, o ideal é que o joelho esteja semifletido em 30˚. Os métodos de Insall-Salvatti e de Caton-Deschamps foram descritos para avaliação do joelho semifletido entre 20˚e 70˚, e entre 20˚e 80˚, respectivamente. Deve-se considerar que, caso o joelho seja avaliado em extensão completa (como, por exemplo, em alguns estudos de RM), a contração do quadríceps determina elevação da patela e pode levar a falso diagnóstico de patela alta.
1) Índice de Caton-Deschamps: quociente (a/b) entre as distâncias:
- Entre a borda inferior da superfície articular da patela e a borda anterior do platô tibial
- Superfície articular da patela, ou seja, entre as bordas superior e inferior de sua superfície articular
2) Índice de Insall-Salvati: quociente (a/b) entre as distâncias:
- Entre a borda mais inferior da patela até a tuberosidade anterior da tíbia (imediatamente acima da inserção do tendão patelar)
- Entre a borda mais superior da patela até sua borda mais inferior
3) Insall-Salvati modificado: quociente (a/b) entre as distâncias:
- Entre a borda mais inferior da patela até a tuberosidade anterior da tíbia (imediatamente acima da inserção do tendão patelar)
- Superfície articular da patela, ou seja, entre as bordas superior e inferior de sua superfície articular
4) Índice de Blackburn-Peel: quociente (a/b) entre as distâncias:
- Traçar uma linha “horizontal” no plano do platô tibial e medir a distância perpendicular a esta linha “horizontal até a borda inferior da superfície articular da patela
- Superfície articular da patela, ou seja, entre as bordas superior e inferior de sua superfície articular
Interpretação: os valores de referência diferem para cada um dos métodos:
Normal | Patela Alta | Patela Baixa | |
Insall-Salvati | 0,8 – 1,2 | > 1,2 | < 0,8 |
Insall-Salvati modificado | > 2,0 | ||
Caton-Deschamps | 0,6 – 1,3 | > 1,3 | < 0,6 |
Blackburn-Pell | 0,8 | > 1,0 |
Exame: radiografia do joelho em AP
Como calcular: ângulo formado entre as linhas dos eixos longitudinais das diáfises do fêmur e da tíbia
Normal: 0° a 10°
Joelho varo: < 0°
Joelho valgo: > 10°
PÉ
Exame: radiografia do pé em perfil, com carga
Como calcular: ângulo formado pelas linhas:
- Linha que conecta a tuberosidade do calcâneo à margem inferior da articulação talonavicular
- Linha que conecta a margem inferior da articulação talonavicular à borda inferior do sesamoide medial do complexo glenossesamoideo do hálux.
Normal: 115° a 135°
Pé plano: > 135°
Pé cavo: < 115°
Utilizado em conjunto com o ângulo de Gissane para avaliar a gravidade de fraturas do calcâneo, estando alterado em fraturas com componente impactado / compressivo. Representa a altura da faceta posterior do calcâneo.
Exame: radiografia do pé em perfil
Como calcular: ângulo formado pelas linhas:
- Linha que conecta a margem superior do processo anterior do calcâneo à margem posterior da articulação subtalar posterior
- Linha que conecta a margem posterior da articulação subtalar posterior à margem superior da tuberosidade do calcâneo
Normal: 25° a 45°
Alterado: < 25° ou > 45°
Utilizado em conjunto com o ângulo de Bohler na avaliação da gravidade de fraturas do calcâneo. Também conhecido como “ângulo crítico”.
Exame: radiografia do pé em perfil
Como calcular: ângulo formado pelas linhas que tangenciam o sulco calcaneano
Normal: 120° a 145°
Alterado: < 120° ou > 145°
Exame: radiografia do pé em perfil, com carga
Como calcular: ângulo formado pelas linhas:
- Linha através do eixo longitudinal do tálus (eixo médio-talar)
- Linha através do eixo central longitudinal do 1º metatarso
Interpretação:
O eixo médio-talar tem que estar alinhado com o eixo central do 1º metatarso.
- Normal: 0º +/- 4º
- Pé cavo: >4º com convexidade para cima
- Pé plano: >4º com convexidade para baixo
Pode ser utilizado para graduar a deformidade:
- Leve: < 15º
- Moderado: 15 a 30º
- Acentuado: > 30º
Exame: radiografia do pé em perfil, com carga
Como calcular: ângulo formado pelas linhas:
- Linha através do eixo longitudinal do tálus
- Linha que tangencia a superfície plantar do calcâneo
Normal: 35° a 50°
Pé torto: < 35°
Exame: radiografia do pé em AP
Como calcular: ângulo formado pelas linhas:
- Linha através do eixo longitudinal do calcâneo
- Linha através do eixo longitudinal do tálus
Normal: 25° a 45°
Alterado: < 25°. Associações com condições relacionadas à retropé varo, como o pé torto.
Exame: radiografia do pé em AP
Como calcular: ângulo formado pelas linhas:
- Linha através do eixo longitudinal do 1º metatarso
- Linha através do eixo longitudinal do falange proximal do hálux
Normal: < 15°
Hálux valgo: > 15°
Exame: radiografia do pé em AP
Como calcular: ângulo formado pelas linhas:
- Linha através do eixo longitudinal do 1º metatarso
- Linha através do eixo longitudinal do 2º metatarso
Normal: < 9°
Interpretação: se > 15°, provavelmente a correção do hálux valgo deverá ser acompanhada de uma osteotomia proximal do metatarso.
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